A História do Aterro do Flamengo: Do Projeto Visionário ao Cartão-Postal Carioca

Introdução

O Aterro do Flamengo é um dos maiores parques urbanos do mundo e um dos tesouros mais subestimados do Rio de Janeiro. Ligando o Centro à Zona Sul, ele oferece uma combinação impressionante de paisagem natural, arquitetura modernista, áreas de lazer e cultura viva. Tudo isso com o Pão de Açúcar vigiando de fundo. Mas por trás dos gramados, ciclovias e jardins tropicais, existe uma história que começa no fundo do mar. Literalmente.

As Origens: Quando o Rio Começou a Sonhar com o Aterro

A Baía de Guanabara Antes da Transformação

Antes do Aterro existir, a região era puro mar. Toda a faixa entre o Centro e o bairro do Flamengo era tomada pela Baía de Guanabara. E não era bonito: esgoto despejado, lixo acumulado, barcos abandonados, mangues doentes. Era uma área de degradação e abandono.

A Ideia do Aterro e a Proposta de Lúcio Costa

Foi nas décadas de 1940 e 50 que surgiu a ideia de transformar aquela faixa morta num parque monumental. Lúcio Costa, o mesmo urbanista que desenhou o plano piloto de Brasília, propôs um projeto que integrava o mar ao urbano: jardins, vias expressas, museus, esporte, cultura e lazer. Um parque moderno para uma cidade que queria ser capital do futuro.

A Grande Obra: Como o Mar Virou Parque

O Aterro de Fato: Obras de Engenharia e Aterro Sanitário

A partir dos anos 50, a Baía começou a ser transformada. Milhões de metros cúbicos de entulho e terra foram despejados sobre o mar. Usaram material da derrubada do Morro de Santo Antonio e dragagens de outras partes da cidade. O solo ganhou corpo, as avenidas surgiram e o parque tomou forma. Foi assim que nasceu a Avenida Infante Dom Henrique.

Burle Marx e os Jardins que Mudaram Tudo

O paisagismo do Aterro é uma obra-prima de Roberto Burle Marx. Ele transformou a nova terra em um gigantesco jardim tropical, usando plantas nativas e desenhos curvos que desafiam a geometria tradicional. O resultado é um passeio visual entre formas, volumes, cores e sombras. Um paisagismo que parece espontâneo, mas é meticulosamente planejado.

Cultura, Lazer e Esporte: O Aterro Vivo

Museu de Arte Moderna (MAM) e Espaços Culturais

Dentro do Aterro, o MAM é um dos maiores exemplos da arquitetura modernista brasileira. Projetado por Affonso Eduardo Reidy, o museu se integra com perfeição à paisagem ao redor. Ele abriga exposições, salas de cinema, apresentações culturais e um jardim suspenso de Burle Marx. Tudo isso com vista para a Baía de Guanabara.

Ciclovias, Campos e Atividades ao Ar Livre

O Aterro é um dos maiores espaços de lazer ao ar livre do Rio. Tem ciclovias, pistas de corrida, quadras de vôlei e futebol, aparelhos de ginástica, espaço para yoga, slackline, piquenique e muito mais. Aos domingos, a avenida é fechada para carros e vira uma imensa passarela popular. Gente de todo tipo se encontra ali: da criança ao idoso, do atleta ao relaxado.

Aterro e Memória: Política, Protestos e História Viva

O Aterro do Flamengo também é palco de história política. Foi ali que aconteceram grandes manifestações durante o Governo Militar, atos pelas Diretas Já, protestos estudantis, celebrações cívicas e eventos populares. O local abriga também o Monumento aos Mortos da Segunda Guerra Mundial, um dos mais imponentes memoriais do país.

Curiosidades que Pouca Gente Sabe

  • O Aterro tem mais de 300 hectares.
  • É considerado o maior parque urbano do mundo construído sobre área aterrada.
  • Burle Marx pessoalmente selecionou as mudas em várias regiões do Brasil.
  • O nome oficial é Parque Brigadeiro Eduardo Gomes (mas quem chama assim?).
  • Em 2016, parte do Aterro foi usada para eventos das Olimpíadas.

📷 Foto de Alicia Nijdam via Wikimedia Commons – Licença CC BY 2.0

Quer Explorar Mais do Rio?

Se você curte essas viagens históricas pelo Rio, vale dar uma passada nesse outro artigo do blog: Roteiro Simples: 1 Dia no Centro Histórico do Rio de Janeiro. Tem tudo a ver com essa atmosfera de passado, presente e cultura viva.

Um Toque Carioca no Seu Estilo

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Conclusão

O Aterro do Flamengo é mais do que um parque: é um retrato em verde e concreto do que é ser carioca. Ele mistura beleza natural com arquitetura, arte, cultura e memória. Foi sonhado por Lúcio Costa, moldado por engenheiros, embelezado por Burle Marx e adotado por milhões de pessoas que passaram por ali ao longo das décadas.

Seja para correr, contemplar o visual, fazer um rolê de bike, visitar o MAM, jogar altinha ou simplesmente sentar na grama e esquecer do mundo, o Aterro segue firme como um dos espaços mais democráticos, lindos e simbólicos do Rio de Janeiro.

Sobre o Autor

Italo Coutinho - @cariocasemfiltro
Italo Coutinho - @cariocasemfiltro

Carioca de 33 anos, apaixonado pelo Rio de Janeiro e suas histórias. Curioso por natureza, exploro os mistérios, lendas e encantos da cidade maravilhosa, compartilhando tudo sem filtros.

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